Apocalipse Z - Cap. 1

O que leva uma criança, com um sorriso alegre e um coração puro se transformar em uma pessoa fria e sem sentimentos?

ZUMBIS!

Meu avô me ensinava como caçar esses zumbis. Ao mesmo tempo que tinha medo, eu gostava de ver miolos no chão! Lembro que no ano de 1997, eu iria fazer 8 anos (pouco depois do ataque zumbi na cidade). E no dia do meu aniversário ele prometeu me dar o presente que eu tanto esperava: Uma 12, cano cerrado!

Enquanto eu esperava sentado em uma poltrana, olhava amigos morrendo lá fora. Tive que agir igual adulto dentro de uma criança que buscava um lugar melhor...
Aprendí com meu avô preparar armadilhas, lugares para se esconder, e tudo mais que você assiste nesses filmes! Parecia que ele já sabia o meu destino.
Naquela noite, aconteceu um ataque no nosso bairro e poucos se salvaram, o que fez a cidade cheirar a podridão, morte, zumbis!
Eu estava deitado na sala, num colchão improvisado e tentando durmir. Minha 12 ao lado. Me lembro da minha mãe discutindo com meu pai por causa do meu avô, que só queria ajudar algumas pessoas que sobreviveram ao ataque. Ele sabia que era arriscado e que poderia por tudo a perder, inclusive sua vida. Sem se importar, pegou o carro (que foi todo preparado), e saiu a procura de sobreviventes.

Ele ajudou algumas pessoas indicando lugares seguros pra ficarem, dando comida, armas, remédios etc.
Quando voltava pra nossa casa, viu uma criança fugindo de alguns zumbis. Imediatamente parou o carro, colocou a criança dentro do nosso carro e se mandou. O que ninguém sabia é que ele teve uma luta corporal com um zumbi (isso tudo porque esqueceu sua arma no carro), que acabou atacando ele.
Quando chegou, com uma criança, ninguém se "preocupou" tanto com ele. Mas quando olhei em seus olhos, pude ver que não estava bom. Quando me aproximei e perguntei:

-Tudo bem, vô?

Ele só balançou a cabeça afirmando que sim.
Eu sabia que ele estava mentindo. Mas tenha sido por qualquer motivo que ele fez isso, ele se foi com honra e deixou seu legado. Eu ví ele virar essa coisa que chamamos de zumbi. E foi eu quem o teve de matar, com lagrimas no olhos e dor no coração, mas o fiz. A dor de quem perde pra morte virou uma mistura de tristeza, raiva e aflição...